Publicação original: edgardigital - UFBA, em 28/3/2024
Por: Murillo Guerra
 

 

O primeiro Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) que se declara feminista e antirracista tem a participação da UFBA na sua comissão gestora. Trata-se do INCT Caleidoscópio: Instituto de Estudos Avançados em Iniquidades, Desigualdades e Violências de Gênero e Sexualidade e suas Múltiplas Insurgências, aprovado em dezembro de 2022, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

Um dos principais projetos do INCT é a Incubadora Social Feminista Antirracista Norte – Nordeste e Amazônia Legal, que tem a UFBA como uma de suas sedes, e atua para garantir suporte às trajetórias educacionais de mulheres estudantes universitárias pertencentes a grupos minoritários, levando em consideração marcadores de gênero, raça, etnia e territorialidade.

 

O INCT Caleidoscópio congrega núcleos e laboratórios de pesquisa de 24 instituições de ensino superior do país e está sediado na Universidade de Brasília (UnB). É coordenado pelas professoras Viviane Resende, da Universidade de Brasília (UnB), e Karla Bessa, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

A comissão gestora do INCT da qual a UFBA faz parte, representada pela professora Silvia Lúcia Ferreira, da Escola de Enfermagem, é responsável por articular parcerias nacionais e internacionais, organizar reuniões gerais e setoriais, participação em editais de pesquisa, planejamento de custo e as demais atividades desenvolvidas junto com a coordenação geral.

 

“É o primeiro INCT voltado para as questões de gênero e raça. Por isso, pode-se dizer que é o primeiro INCT feminista e antirracista”, afirma a professora Silvia Ferreira, que também coordena os grupos de pesquisa Neim – Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a mulher, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humana; e GEM – Centro de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher, Gênero, Saúde e Enfermagem, da Escola de Enfermagem.

 

A atuação do INCT Caleidoscópio abrange frentes que envolvem o Observatório de indicadores de violências e vulnerabilidades que atingem mulheres no contexto acadêmico, sediado na Universidade Federal de Santa Catarina, e o desenvolvimento de tecnologias sociais e de comunicação e informação como subsídios para políticas públicas, especialmente aquelas voltadas a pessoas em situação de vulnerabilidade por sua condição interseccional.

 

A professora Sílvia ressalta o compromisso de “fazer ciência para produzir conhecimento e contribuir para a promoção de políticas públicas”, o que se alinha com a política de transferência de conhecimento e divulgação científica preconizada pelo INCT, “voltada para a sensibilização de futuras gerações para a importância de mulheres nas ciências e das ciências para a melhoria de vida de todas as mulheres”.

 

Um dos principais projetos do INCT Caleidoscópio é a Incubadora Social Feminista Antirracista Norte – Nordeste e Amazônia Legal, que tem a UFBA como uma de suas sedes e conta com quadros universitários e da sociedade civil, com ênfase na colaboração entre níveis de formação do ensino médio ao pós-doutorado das estudantes.

 

Incubadora Social Feminista

A Incubadora Social Feminista Antirracista Norte – Nordeste e Amazônia atua para garantir suporte às trajetórias educacionais de mulheres estudantes universitárias pertencentes a grupos minoritários, levando em consideração marcadores de gênero, raça, etnia e territorialidade. Para alcançar essa missão, destaca a importância da inclusão de mulheres pertencentes a segmentos minoritários em todas as fases de planejamento, produção e difusão de tecnologias sociais, e propõe articular universidade, governo e sociedade civil nas ações promovidas.

 

A Incubadora estabeleceu sede compartilhada para seu funcionamento em duas instituições: na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), coordenada pelas professora Dolores Cristina Gomes Galindo, e na UFBA, coordenada pela professora Silvia Ferreira.

 

No ano passado, a Incubadora celebrou a aprovação do projeto denominado “Mulheres Quilombolas nas Ciências” no edital Universal do CNPq, que vai estudar as trajetórias de profissionalização acadêmica de mulheres quilombolas, buscando identificando as principais dificuldades enfrentadas por essas mulheres para continuar seus estudos e acessar o ensino superior em níveis de graduação e pós-graduação.

 

As ações do grupo envolvem a produção de podcasts com cientistas quilombolas, professores e pesquisadores de universidades brasileiras, que são disponibilizados nas redes sociais e na página do Instituto. No próximo mês de abril, será promovido o encontro de estudantes quilombolas da UFBA, e também da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). De acordo com a coordenadora da Incubadora na UFBA, a iniciativa propõe mapear as trajetórias acadêmicas de mulheres quilombolas e discutir as questões das mulheres na ciência. A ação conta com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proext/UFBA), por meio do edital de Ações Pontuais de Extensão.

 

Na UFBA, a Incubadora conta com o suporte de dois importantes grupos de pesquisa: O NEIM e o GEM. A equipe é composta ainda pela bolsista PDJ Karine Santana, por uma representante da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Eliana Almeida, doutoranda do PPGENF, e por uma representante do grupo de pesquisa CIGE/NEIM, professora Sandra Cerqueira da Silva.

 

 

Sobre os grupos de pesquisa NEIM e GEM

Criado em 1983, como núcleo então vinculado ao Mestrado em Ciências Sociais da UFBA, o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a mulher (NEIM), da Faculdade de Filosofia e Ciências Humana (FFCH/UFBA) se destaca por ser o núcleo de estudos feministas mais antigo do país e por sua atuação na promoção de atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão para a formação de uma consciência crítica acerca das relações de gênero hierárquicas e da consequente especificidade da condição feminina. http://www.neim.ufba.br/wp/apresentacao/

 

Foi responsável pela criação, em 2006, do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM), o primeiro no país e na América Latina voltado para essa temática. Também contribuiu para o avanço dos estudos na área com a criação do curso de Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade com concentração em Políticas Públicas, em 2009.

 

O GEM – Centro de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher, criado em 1988, provocou mudanças no ensino de graduação e da pós-graduação em enfermagem, introduzindo a perspectiva de gênero e raça para a compreensão dos problemas de saúde, da assistência e das políticas de saúde dirigidas à mulher. É composto de grupos de pesquisa que atuam no desenvolvimento de estudos na área de saúde da mulher e em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

O centro de pesquisas é composto de pesquisadoras, alunas de graduação, mestrado e doutorado da linha de pesquisa Cuidado a Saúde da Mulher, relações de gênero e étnicorraciais do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da UFBA. Participa de projetos integrados em articulação com outras universidades públicas através da REDOR- Rede Feminista Norte Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher e Relações de Gênero.