OBESRVATÓRIOS - REGIÃO SUL / SUDESTE

 

 

O Observatório do INCT Caleidoscópio: Instituto de Estudos Avançados em Iniquidades, Desigualdades e Violências de Gênero e Sexualidade e suas Múltiplas Insurgências, terá como objetivo a produção, análise e divulgação de indicadores de violências e vulnerabilidades que atingem mulheres no mundo da ciência, com vistas a compreender as questões que afetam a vida pessoal e a carreira deste grupo em diferentes dimensões.

 

Site Observatório Região Sul/Sudeste

 

Inicialmente, será estruturado o Observatório da Região Sul-Sudeste, com nucleações interinstitucionais, buscando atender aos seguintes objetivos:

  • Produzir, analisar e divulgar indicadores sobre a participação das mulheres na C&T (região sul-sudeste), com um mapeamento (histórico e atual) em âmbito nacional de mulheres nas ciências e acompanhamento de suas inserções no mercado de trabalho nos primeiros cinco anos após conclusão de suas formações (graduação/pós-graduação), a partir de uma perspectiva feminista interseccional;
  • Levantar as iniciativas institucionais pioneiras em Direitos Humanos e justiça social nas Instituições de Ensino Superior (IES) com o objetivo de fomentar experiências exitosas nas universidades parceiras;
  • Produzir conteúdos para sensibilização do público (especialmente das IES) e recomendações para subsidiar políticas públicas;
  • Dar visibilidade às ações do INCT Caleidoscópio, como as atividades desenvolvidas pela Incubadora Social Feminista Antirracista Norte-Nordeste.

 

O INCT Caleidoscópio coaduna-se às discussões ensejadas pela UNESCO e o projeto #eudacastem2030, que tem como objetivo promover nas escolas a transformação sobre as questões de gênero a partir da formação pedagógica de docentes nos temas de STEM. A inovação pretendida pelo INCT pode ser resumida em sua abordagem original sobre as questões da iniquidade e violências, que articula diagnósticos (produção de indicadores), causalidades (redes de pesquisas e análises sócio históricas), formação (de quadros de pesquisadoras nos vários níveis da educação média, graduação e pós-graduação), orientação transdisciplinar de recém formadas na perspectiva feminista interseccional (através das incubadoras), disseminação de conteúdos das pesquisas científicas (em redes sociais e entre pares) e ações de enfrentamento a partir da proposição para políticas públicas, gestadas em diálogos entre Universidade, Estado e Movimentos sociais.

 

Neste sentido, o Observatório terá potencial de impactar políticas de inclusão de mulheres na ciência e educação, por meio da produção de indicadores, estudos e divulgação de materiais que sensibilizem o poder público, gestores, escolas e público em geral para questões de violências e desigualdades de gênero que dificultam seu acesso, permanência e mobilidade de meninas e mulheres em diferentes níveis de formação acadêmica, além de atingir outras dimensões de suas vidas. Para tanto, a estrutura básica do Observatório deverá incluir três vertentes principais, a saber: 1) conteúdos de divulgação científica; 2) Indicadores e estudos; 3) Redes e nós, conforme aponta a Figura abaixo:

 

 

 

O levantamento de dados (histórico e atual) sobre mulheres nas ciências será inicialmente realizado através das bases públicas disponibilizadas pelo CNPq (especialmente a Plataforma Lattes), CAPES, MEC e INEP. Para uma contextualização geral, será utilizado os dados do Censo da Educação Superior, no site do INEP, o qual apresenta o perfil dos docentes e pesquisadores brasileiros desde 2010. Será solicitado, via Portal da Transparência, os dados desagregados sobre esse público, para que se possa realizar os cruzamentos pretendidos para uma análise interseccional mais detalhada.

 

Pretende-se utilizar softwares que organizem os dados coletados pelo extrator do Lattes sobre as carreiras de mulheres pesquisadoras, inicialmente, na região sul e sudeste. Serão coletados dados sobre o perfil, incluindo gênero, raça, nível socioeconômico, idade, além de dados sobre produção científica para realizar uma análise de redes de colaboração.

 

Os dados do perfil interseccional das pesquisadoras serão analisados pelo Software AIP – Análise Interseccional de Perfil, a ser adaptado posteriormente para uso no Observatório, permitindo ao usuário do site realizar cruzamentos e gráficos dinâmicos (Feltrin et al., 2021)[1]. O software é capaz de analisar milhares de dados desagregados de cada sujeito (como sexo, cor/raça, necessidades especiais, etc.) e o atribui um “perfil”, operacionalizando os marcadores sociais de diferença de forma interseccional.

 

A partir de uma análise preliminar dos sites com temáticas afins ao Observatório do INCT Caleidoscópio, identificamos uma ausência de dados organizados e com possibilidades de cruzamentos para auxiliar pesquisadores, gestores públicos e divulgadores científicos sobre as trajetórias de mulheres na ciência. Desta forma, espera-se que os produtos do Observatório tenham um impacto positivo na pesquisa, na formulação de políticas públicas, nas IES e na sensibilização da sociedade em geral.  

 

Espera-se que os materiais produzidos pelo Observatório, derivados do levantamento dos indicadores e realização de estudos, sejam empregados também em escolas públicas de educação básica e ensino médio, importantes espaços para a produção e disseminação de tecnologias sociais. Neste sentido, as ações desenvolvidas junto a mulheres e meninas no ensino médio em escolas urbanas periféricas, rurais, indígenas e quilombolas visam a diminuição da evasão escolar e ampliação do acesso ao ensino superior. O Observatório trará, ainda, impactos alinhados à Agenda 2030 da ONU, especialmente ao ODS 4 que trata do acesso a uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, com eliminação das disparidades de gênero na educação e igualdade para as meninas e mulheres mais vulneráveis.

 

  Evento Ocupação INCT articula as redes pela equidade de gênero na ciência - 27.nov.23

 

Site Observatório Região Sul/Sudeste

 

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[1] Feltrin, RB; Santos, DF; Velho, L. O papel do Ciência Sem Fronteiras na inclusão social: análise interseccional do perfil dos beneficiários do programa na Unicamp. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 26, n. 01, p. 288-314, mar. 2021