IEquidade de gênero é fundamental para o futuro da ciência, dizem pesquisadoras do INCT Caleidoscópio
Dos dias 4 a 6 de junho acontece, em Brasília, a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), cujo tema é "Para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido". Na etapa preparatória, a Conferência Livre Meninas e Mulheres na Ciência, realizada no dia 25 de março na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis, apresentou iniciativas voltadas à equidade de gênero e, entre elas, o trabalho realizado pelo INCT Caleidoscópio: Instituto de Estudos Avançados em Iniquidades, Desigualdades e Violências de Gênero, Sexualidade e suas Múltiplas Insurgências.
O diagnóstico das desigualdades é parte fundamental para a discussão dos rumos futuros da ciência, tecnologia e inovação no Brasil, proposta pela 5ª CNCTI. Embora as mulheres sejam maioria na graduação e na pós-graduação em algumas áreas do conhecimento, elas constituem minoria na docência, em cargos de gestão e entre pesquisadoras com bolsa produtividade, situação que é chamada de "efeito tesoura".
De acordo com levantamento de dados realizado pelo Observatório Sul-Sudeste, do INCT Caleidoscópio, 64,76% de quem recebe bolsa produtividade são homens e 34,24% são mulheres. "Mesmo nas Ciências Humanas, onde há maior número de mulheres a nível de pesquisa, elas são minoria entre quem recebe bolsas de produtividade", afirmou durante a Conferência Livre Joana Maria Pedro, professora aposentada do Departamento de História da UFSC, coordenadora do Observatório Sul-Sudeste e pesquisadora do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH/UFSC).
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A historiadora Joana Maria Pedro. Créditos: Jéssica Michels
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As ações em prol da equidade de gênero na ciência, na tecnologia e na inovação perpassam, portanto, pelo olhar sobre as condições para que meninas e mulheres possam não só acessar as universidades, mas permanecer em seus cursos e progredir em suas carreiras.
Nesse sentido, o INCT Caleidoscópio tem, dentre seus objetivos, o desenvolvimento de pesquisas a nível nacional com relação às boas práticas de enfrentamento às violências nas instituições de ensino superior. Morgani Guzzo, pesquisadora de pós-doutorado do Observatório Sul-Sudeste e integrante do LEGH/UFSC contou, durante a Conferência, um pouco da sua pesquisa em andamento. "O primeiro passo que demos foi um mapeamento de políticas implementadas pelas universidades públicas no que diz respeito ao recebimento de denúncias, acolhimento das vítimas e enfrentamento às violências de modo geral. Em seguida, temos buscado entrevistar as pessoas responsáveis por implementar essas políticas para entendermos os processos, desafios e o impacto de tais ações".
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De acordo com Morgani, embora algumas já contem com canais de recebimento de denúncias, ainda são poucas as que implementaram ações amplas de enfrentamento às violências de gênero. "A maioria ainda possui apenas a Ouvidoria como instrumento para registrar as denúncias, sendo comum que elas sejam arquivadas sem a devida responsabilização de quem praticou as violências. Além disso, são incipientes os mecanismos de acolhimento às vítimas e as ações de prevenção e educação que façam frente à cultura onde tais violências e assédios institucionais são naturalizados", completou Morgani.
Para a pesquisadora, também é necessário criar formas de monitoramento dessas políticas, além de avaliar se a comunidade científica sabe a quem recorrer quando necessário. "O passo seguinte é divulgar amplamente as iniciativas exitosas para estimular que outras instituições também implementem políticas semelhantes, além de pensar em metodologias para monitorar a eficácia dessas ações".
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Nesse sentido, o INCT Caleidoscópio tem, dentre seus objetivos, o desenvolvimento de pesquisas a nível nacional com relação às boas práticas de enfrentamento às violências nas instituições de ensino superior. Morgani Guzzo, pesquisadora de pós-doutorado do Observatório Sul-Sudeste e integrante do LEGH/UFSC contou, durante a Conferência, um pouco da sua pesquisa em andamento. "O primeiro passo que demos foi um mapeamento de políticas implementadas pelas universidades públicas no que diz respeito ao recebimento de denúncias, acolhimento das vítimas e enfrentamento às violências de modo geral. Em seguida, temos buscado entrevistar as pessoas responsáveis por implementar essas políticas para entendermos os processos, desafios e o impacto de tais ações".
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